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O Dia Mais Feliz Da Minha Vida
Editora: URUTAU EDITORA
Avaliação:
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Fora de estoqueCódigo: 9788571052154
Categoria: Poesia
Descrição Saiba mais informações
Em seu segundo livro de poesia, Ana Marta Cattani assume um desafio temático e adentra um dos motes mais versados pela poesia ocidental, o matrimônio. Mas casamento não é necessariamente amor.
Amor era um dos temas principais de seu primeiro livro, Tutano (Laranja Original, 2023), no qual acompanhamos um eu lírico apaixonado que formula sua paixão até os limites do desejo físico, tornando-se, para dizer o mínimo, ameaçador. Cattani é uma poeta exemplar em rejuvenescer temas calejados.
É importante considerar que O dia mais feliz da minha vida aponta para um casamento, mas o que a poeta nos entrega é mais esteticamente próximo de uma quadrilha de São João. Afinal, o que a seleta manifesta não é o rigor moribundo do cerimonial, mas uma imagem de sua afetação, de sua estética desencontrada, de sua propagação de mitos ultrapassados via ritos cafonas.
Essa exuberante quadrilha conjugal vai se desfiando mediante uma série de reposicionamentos da figura do eu lírico e, como não poderia deixar de ser, a figura da noiva é conjurada aqui numa enxurrada de versões e arquétipos: “Noiva descalça”, “Noiva-papão”, “A Noiva de Frankenstein”. Uma legião que transita por situações características ou radicalmente arbitrárias, chocadas nesse universo: “Véspera”, “A marcha nupcial” vs. “A barata bota a mesa”, “Orgia boliviana” etc.
Enfrentando a missão de repensar personagens cristalizados, a autora aciona referências da cultura pop e de certo imaginário cinematográfico que abrange desde filmes b de ficção científica até a virilidade em caps lock de um Clint Eastwood.
Percorrem todo o livro (como docinhos espalhados pela festa) aliterações sofisticadas das quais a poeta faz uso sem se render a saídas convencionais, mobilizando inclusive idiomas estrangeiros em prol da consistência sonora, como no caso de “Noivas”: bibelôs no Marché aux Puces / embaraçadas embarazadas em baciadas / de preto pós-crepuscular. Ou em “Trampa”: um troço / branco / atrapada no banco de trás / entrapada em rendas / y tules /
destrozada / (com zê).
Figuras como Batgirl e Eva são convocadas com absoluta paridade de força, e temos também um delicioso aceno ao menor kafkiano, quando os poemas encenam a voz de uma ervilha ou de uma barata.
O que Cattani nos oferece neste livro, em suma, é um multiverso do “dia mais feliz” e as implicações terríveis e maravilhosas de um dia que leva esse título.
Gustavo Marcasse
dramaturgo e artista visual
Páginas | 52 |
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Data de publicação | 28/08/2025 |
Formato | 13x16,5 |
Largura | 13 |
Comprimento | 16.5 |
Acabamento | Brochura |
Lombada | 2.34 |
Altura | 2.34 |
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